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Ter Menos Ser Mais

Encontre nas coisas simples a liberdade, a felicidade e a intencionalidade da vida

Ter Menos Ser Mais

Encontre nas coisas simples a liberdade, a felicidade e a intencionalidade da vida

Slow Living - Alentejo

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A minha mudança da capital para uma Vila Alentejana prendeu-se com vários motivos, mas um deles que queria destacar, foi a necessidade de estar num lugar em equilíbrio com o meu estilo de vida Slow. Slow Living ou viver devagar é um movimento minimalista que tem como propósito viver uma vida de forma mais lenta, lenta não no sentido de preguiça ou de fazer menos coisas, mas sim de fazer as coisas com tempo, com propósito, estando presente. 

 

Todos nós conhecemos o discurso ou a sensação de que o dia deveria ter mais horas para fazer tudo aquilo que queremos, devemos ou deveríamos fazer. Parece que vivemos sempre em contra relógio e enquanto isso, os anos passam, os momentos passam, e nós um dia olhamos ao espelho e nem nos reconhecemos. 

 

O meu viver devagar começou ainda quando vivia na cidade, pois acredito que sendo um desejo nosso, o facto de viver numa cidade não o impede. Contudo também não permite viver em totalidade uma vida mais desacelerada porque estamos inseridos numa dinâmica urbana e temos de muitas vezes de andar dentro do ritmo. 

 

Para mim estes 4 grandes factores, que descreverei de seguida, foram aqueles pontos chave que a vida no Alentejo ajudou a equilibrar como o meu desejo e estilo de vida Slow. Factores que só aqui ou em lugares semelhantes é possível ter. No entanto, reforço, que nem todos precisamos "fugir" da cidade para ter um estilo de vida mais minimalista ou desacelerado, e nem todos nos adaptamos a este viver mais devagar, e a diversidade de estilos de vida é importante e deve ser valorizada, pois não existe certo ou errado no que diz respeito a forma como escolhemos viver. 

 

Silêncio

Onde vivo actualmente, quando pela manhã abro a janela, apenas ouço pássaros, ovelhas e as folhas das árvores. Este silêncio ou estes sons da natureza promovem uma enorme tranquilidade, reduzem o stress, e até melhoram o sistema cognitivo e o humor, segundo um estudo de Abril de 2021 publicado na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences” e que posso comprovar diariamente. Todo o silêncio que me rodeia ajuda-me no foco daquilo que é mais importante porque não tenho fora do meu controlo factores distractivos. A tranquilidade do silêncio é algo que valorizo e me permite viver em tranquilidade e de forma equilibrada. 

 

Trânsito

O trânsito, ou melhor a ausência dele. Este foi um dos enormes factores de mudança para uma vida mais desacelerada. Não ter hora de ponta nem trânsito para me deslocar a qualquer lado, retira da rotina esta preocupação e este tempo perdido, assim como o stress e , por vezes, o desespero de estar preso no trânsito. É uma mudança e um aumento tremendo na qualidade de vida e faz com que qualquer deslocação necessária ou apenas por lazer seja feita tranquilamente a qualquer hora, sem pressas. 

 

Natureza

Viver a dois passos do campo, da natureza, tem vantagens que eu própria antes de vir para cá não entendia. Estar em contacto diário com a natureza para além de todos os benefícios psicológicos que trazem ao ser humano, seja pela calma que uma paisagem verde transmite, seja pela tranquilidade, permitir respirar ar mais puro entre outros, viver em conjunto com o mundo natural, do qual nós fazemos parte, permite-me ter consciência dos ciclos da natureza. Para além de me aproximar, presenciar e ter noção destes ciclos, faz com que eu própria esteja em sintonia com estes. Dou o exemplo das Oliveiras, a árvore que existem em maior quantidade. Já presenciei o rebentar da flor na primavera a sua queda no final desta, e o inicio do crescimento da azeitona. Em breve será época de apanhar e fazer o azeite. Presenciar os ciclos e fazer parte deles, saborear os legumes e fruta da época, observar a flor, a queda e o crescimento, tem sido uma experiência sensorial bastante enriquecedora. Esta sintonia deu-me uma noção de tempo diferente, e perceber que tudo demora o seu tempo, tudo precisa do seu tempo é importante. A natureza vive desacelerada e nós podemos aprender algo com ela. 

 

Espaço

A Vila onde vivo tem uma área de 26 quilómetros quadrados e uma população de cerca de 1200 habitantes. Portanto é espaço suficiente para a quantidade de habitantes o que faz com que não haja problemas relacionados a espaço. Desde estacionamento, trânsito, espaço para as crianças brincarem, mesa num café ou filas na mercearia. Acrescentando ainda a vantagem que existe espaço suficiente para manter as distâncias de segurança com as quais já nos familiarizamos no último ano e meio. Viver num sitio arejado em contraste com o viver na "confusão" ajuda-me a centrar no meu estilo de vida desacelerado e tranquilo que tanto procurava.

 

Estes foram para mim os 4 grandes motivos que se alinharam a ajudaram ao meu estilo de vida desacelerado. E tu também segues este movimento? Como desaceleras a tua vida?

Os documentários sobre minimalismo que todos deviam de ver

Imagem de Pexels por Pixabay

Pretende perceber em que consiste este estilo de vida minimalista, pretende ter uma maior consciência em relação ao consumo ou simplesmente por curiosidade estes são os documentários que tem de ver. No meu caso foi devido a um deles que despertei para esta temática e percebi realmente o caminho que estava a tomar e para onde pretendia realmente ir.

 

Minimalism: A Documentary About the Important Things

https://ourgoodbrands.com/what-is-minimalism/

Para mim os pais do minimalismo, Joshua e Ryan de 30 anos já tinham alcançado tudo, um bom emprego, progressão na carreira, casa carros... no entanto não estavam felizes. Trabalhavam muitas horas para pagar tudo aquilo que tinham e com a ambição de ter cada vez mais. Neste caminho sentiam que não eram donos do seu tempo e juntos descobriram o minimalismo. Estes dois autores actualmente ajudam mais de 2 milhões de pessoas a seguirem este estilo de vida quer através dos seus livros (ainda não disponíveis em português), do seu site The Minimalist, dos podcast disponíveis no You Tube ou do documentário na Netflix

A História de Joshua e Ryan é semelhante a de muitas outras pessoas que perceberam que ter menos seria o caminho para uma vida com mais propósito. Este documentário desperta-nos para várias questões, desde consumo ao espaço até a forma como andamos distraídos na tentativa de ter cada vez mais coisas.

Já revi este documentário várias vezes para me ir recordando daquilo de alguns conceitos, não me canso de o ver e por isso acho que se pretendem começar por algum lado para seguirem um estilo de vida mais simples, este é o documentário. Preparem as pipocas.

 

The True Cost

https://www.rsm.nl/about-rsm/news/detail/6302-the-true-cost-documentary-and-debate-on-wednesday-april-6/

O verdadeiro custo da moda! Foi por aqui que descobri o minimalismo. Este documentário despertou-me a atenção na Netflix e depois de assistir tive de repensar totalmente a forma como andava a consumir a moda. Neste documentário percebemos como funciona na realidade a industria da moda e como são uma das mais poluidoras, exploradoras dos mais pobres e com menos consideração pela saúde do mundo e do ser humano e como nós todos (muitas vezes sem ter consciência disso) compactuamos e contribuímos para isso.

Na altura pretendia criar um Blog de moda mas este documentário foi como um murro no estômago e nada disso já fazia sentido para mim. Entrei num processo onde comecei por criar meu Guarda Roupa Cápsula, fiz um destralhe na minha casa e na minha vida e nasceu assim o Ter Menos Ser Mais. 

 

Tidying Up with Marie Kondo 

https://www.joe.ie/movies-tv/life-lessons-tidying-up-marie-kondo-658263

Mais recentemente assisti a Magia da arrumação com Marie Kondo. Já conhecia os livros desta Japonesa guru da organização, nomeadamente o livro "Arrume a sua casa arrume a sua vida" e por isso quando o documentário saiu estava bastante curiosa. O documentário consiste na visita de Marie Kondo a várias famílias americanas. O que todas estas famílias têm em comum é uma casa cheia de tralha, com uma acumulação enorme de roupa, sapatos, livros, objectos de colecção... todas estas famílias se sentem assoberbadas no meio do excesso e referem que ter as suas casas assim é por vezes stressante e cansativo pois a mesma nunca tem um aspecto organizado. 

Neste documentário a autora explica também o seu método KonMarie para dobrar e organizar melhor qualquer peça de roupa. Sou fã destas dicas e já as uso desde a época que li o livro. Portanto se precisa de uma motivação extra para atacar o seu roupeiro e reduzir a confusão em sua casa e quer saber as melhores técnicas de organização tem de assistir ao documentário desta pequena e amorosa deusa do destralhe. 

 

Tiny House Nation 

https://whatsnewonnetflix.com/norway/1616594/tiny-house-nation-2019

Não sendo este um documentário exactamente sobre minimalismo é possível perceber que todas estas famílias estão a procura de uma vida mais simples e começaram por reduzir o espaço em que vivem. Todas elas vão viver para pequeníssimas casas e assim livraram-se da despesa da renda de casa e de muitos outros bens materiais. Vale apena assistir até porque todas as casa ficam lidissimas e têm excelentes ideias de como aproveitar bem o espaço.

Se tivesse coragem (vá e também algum dinheiro) contruía uma destas casas, até lá vou-me inspirando com estes episódios que entretanto saiu recentemente a segunda temporada. Já tenho programa para este fim de semana. 

 

Deixo estas sugestões para o fim de semana de chuva que se avizinha. Qual vai querer ver primeiro?