Trocando a cidade pelo campo
Tenho um sonho, um sonho antigo, talvez tenha começado quando terminei a Universidade e tive o meu primeiro trabalho pós curso. Senti o quanto a rotina, as exigências económicas, as exigências de produtividade e de subsistência na capital pode ser devastadoras.
Este meu sonho de ir viver para o campo, longe de tudo mas perto de muita coisa, intensificou-se com o nascimento da minha filha. Criamos em nós o desejo de lhe proporcionar uma vida mais calma, com tempo para crescer e explorar, contacto com a natureza e a possibilidade de brincar na rua tal como nós na nossa infância.
Demorei algum tempo para aceitar esta decisão porque qualquer mudança não implica somente ganhos, existem muitas perdas associadas também, e como qualquer outra pessoa tenho tendência para me agarrar às perdas e aos "ses".
Com a pandemia as saídas com uma bebé de um ano ficaram ainda mais difíceis e reduzidas a alguns locais. Todos os pais sabem a dificuldade que é sair com um bebé para qualquer lado mas numa cidade onde ainda temos de acrescentar tempo de trânsito e agora a possibilidade de aglomerações que pretendemos evitar, tudo se tornou mais difícil. Passamos muito tempo em casa, muito tempo mesmo. Mais tempo do que aquilo que considero saudável para a mente seja de quem for.
Foi num fim de semana onde estávamos, invariavelmente, em casa, eu e o meu marido cansados e a nossa bebé de energia infinita percebi que para criar um filho é preciso uma Aldeia.
Este provérbio de origem Africana fez um click na minha cabeça. É preciso uma Aldeia no sentido de que não basta o pai e a mãe para criar, educar e cuidar de um filho, como é preciso uma Aldeia no verdadeiro sentido da palavra. Uma Aldeia seria o local onde teriamos aquilo que desejamos para ela. Liberdade, natureza, viver com calma, explorar sem pressa.
A decisão foi assim tomada. Será um processo que levará alguns meses a concretizar e acredito, também vários meses para uma adaptação a uma nova e total diferente realidade. Não sei se este nosso sonho está ou não enviesado por uma visão pouco realista do que significa realmente viver numa Vila do interior do nosso país, no entanto se não tentarmos nunca saberemos.
Sem dúvida que representa mais um enorme passo no sentido de uma vida mais minimalista!