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Ter Menos Ser Mais

Encontre nas coisas simples a liberdade, a felicidade e a intencionalidade da vida

Ter Menos Ser Mais

Encontre nas coisas simples a liberdade, a felicidade e a intencionalidade da vida

O que a escacez pode ensinar

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Foi a cerca de um ano atrás, após o nascimento da minha filha, que tomei a decisão de ficar em casa como mãe a tempo inteiro por tempo indeterminado.

 

Ora para ficar sem trabalhar não basta querer, tem de haver condições para isso e como parece óbvio nesta situação o meu marido assumiu todas as despesas da casa.

 

Agora imaginem aumentar um membro à família e reduzir um ordenado (ainda que incerto) no orçamento total familiar. Foi preciso fazer alguns ajustes. 

 

A grande lição que tirei deste ano, foi que se não reduzirmos as nossas necessidades nunca estaremos satisfeitos.

 

Ora pensem, trabalhávamos para suprir as necessidades básicas e melhorar as nossas condições de vida, mas assim que passamos a ganhar mais passamos automaticamente a trabalhar também mais tempo e a querer, por isso, nos compensar de alguma forma. Normalmente adquirindo bens materiais, bens de consumo.

 

Os estudos demonstram que ao longo dos anos, apesar das nossas rendas aumentarem o nosso nível de felicidade tem se mantido relativamente estável, o que demonstra que não é a nossa riqueza material e monetária que nos trás felicidade. Gráfico em baixo mostra o caso Americano. 

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Ganhamos melhor, queremos melhores roupas, um melhor carro, uma casa maior, no fim das contas aumentamos de tal forma as nossas necessidades e por nunca estar satisfeitos pois queremos sempre mais e melhor. O tal consumo que nos leva a acreditar que a felicidade está em possuir coisas.

 

Não senti que neste último ano tenha estado em privação de alguma coisa (a não ser de sono 😝), a verdade é que nada me faltou. As minhas necessidades de alimentação, abrigo, segurança, saúde, higiene e conforto estiveram asseguradas e por isso percebi que pouco ao nada me falta. 

 

As minhas necessidades são menores o que me torna uma pessoa mais satisfeita com tudo aquilo que tenho. Valorizo muito mais os meus pertences e cuido melhor deles pois quero minimizar a necessidade de ter de adquirir coisas novas. 

 

De certo uma lição de que pouco precisamos para sermos felizes. Um ano minimalista para uma vida mais simples.

Trocando a cidade pelo campo

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Tenho um sonho, um sonho antigo, talvez tenha começado quando terminei a Universidade e tive o meu primeiro trabalho pós curso. Senti o quanto a rotina, as exigências económicas, as exigências de produtividade e de subsistência na capital pode ser devastadoras.

 

Este meu sonho de ir viver para o campo, longe de tudo mas perto de muita coisa, intensificou-se com o nascimento da minha filha. Criamos em nós o desejo de lhe proporcionar uma vida mais calma, com tempo para crescer e explorar, contacto com a natureza e a possibilidade de brincar na rua tal como nós na nossa infância.

 

Demorei algum tempo para aceitar esta decisão porque qualquer mudança não implica somente ganhos, existem muitas perdas associadas também, e como qualquer outra pessoa tenho tendência para me agarrar às perdas e aos "ses". 

 

Com a pandemia as saídas com uma bebé de um ano ficaram ainda mais difíceis e reduzidas a alguns locais. Todos os pais sabem a dificuldade que é sair com um bebé para qualquer lado mas numa cidade onde ainda temos de acrescentar tempo de trânsito e agora a possibilidade de aglomerações que pretendemos evitar, tudo se tornou mais difícil. Passamos muito tempo em casa, muito tempo mesmo. Mais tempo do que aquilo que considero saudável para a mente seja de quem for. 


Foi num fim de semana onde estávamos, invariavelmente, em casa, eu e o meu marido cansados e a nossa bebé de energia infinita percebi que para criar um filho é preciso uma Aldeia. 

 

Este provérbio de origem Africana fez um click na minha cabeça. É preciso uma Aldeia no sentido de que não basta o pai e a mãe para criar, educar e cuidar de um filho, como é preciso uma Aldeia no verdadeiro sentido da palavra. Uma Aldeia seria o local onde teriamos aquilo que desejamos para ela. Liberdade, natureza, viver com calma, explorar sem pressa.


A decisão foi assim tomada. Será um processo que levará alguns meses a concretizar e acredito, também vários meses para uma adaptação a uma nova e total diferente realidade. Não sei se este nosso sonho está ou não enviesado por uma visão pouco realista do que significa realmente viver numa Vila do interior do nosso país, no entanto se não tentarmos nunca saberemos. 

Sem dúvida que representa mais um enorme passo no sentido de uma vida mais minimalista!